sábado, 1 de fevereiro de 2014

O amor e o crânio

XII
O amor e o crânio
VELHA VINHETA

O amor sentado sobre o crânio
Desta humanidade,
E sobre este trono profano
A rir de maldade,

Sopra a sorrir bolhas redondas
Que sobem pelo ar,
Como se ao mais longínquo
mundo
Quisessem chegar.

O globo luminoso e frágil
Voa arrebatado,
Rompe e escarra a alma delicada
Como um sonho dourado.

Escuto o crânio a cada bolha
Gemente rezar:
- "Esta feroz farsa ridícula
Quando irá acabar?"

"Pois o que a tua boca amarga,
Joga pelo ar langue
É cérebro, o monstro assassino,
É o coração e sangue!"


(Charles Baudelaire)