XII
O amor e o crânio
VELHA VINHETA
O amor sentado sobre o crânio
Desta humanidade,
E sobre este trono profano
A rir de maldade,
Sopra a sorrir bolhas redondas
Que sobem pelo ar,
Como se ao mais longínquo
mundo
Quisessem chegar.
O globo luminoso e frágil
Voa arrebatado,
Rompe e escarra a alma delicada
Como um sonho dourado.
Escuto o crânio a cada bolha
Gemente rezar:
- "Esta feroz farsa ridícula
Quando irá acabar?"
"Pois o que a tua boca amarga,
Joga pelo ar langue
É cérebro, o monstro assassino,
É o coração e sangue!"
(Charles Baudelaire)