segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

...são os outros


O chuveiro ligado
E o café esfriando na mesa
Será que esse mundo virado
Tem conserto com certeza?

domingo, 21 de fevereiro de 2010

PWNED

Na placa que deveria lhes mostrar o caminho estava escrito: 
VOC^EEKSTÀPERDIDON .


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Cassarah


Sopros cálidos de encontro à pele
Misturam-se a beijos cegos
E bailam juntos à melodia dos corpos

Cadências cardíacas marcam o ritmo
Uma macumba, um samba, um hino

Um arlequim e uma colombina
Um rei e uma concubina

É a festa da carne, meu amor
Somos quem quisermos ser
Esqueçamos hoje tudo, inclusive a dor

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Rotina



"A idéia é a rotina do papel.
O céu é a rotina do edifício.
O inicio é a rotina do final.
A escolha é a rotina do gosto.
A rotina do espelho é o oposto.
A rotina do perfume é a lembrança.
O pé é a rotina da dança.
A rotina da garganta é o rock.
A rotina da mão é o toque.
Julieta é a rotina do queijo.
A rotina da boca é o desejo.
O vento é a rotina do assobio.
A rotina da pele é o arrepio.
A rotina do caminho é a direção.
A rotina do destino é a certeza.
Toda rotina tem sua beleza."
Arnaldo Antunes

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Alguém pior



Nunca, em nenhuma vez na minha vida precisei acreditar em Deus. Me orgulho disso, significa liberdade criativa para mim.
Mas às vezes, muitas vezes, eu queria acreditar no Diabo. Só para saber que existe alguém pior que você. 

Morte em VI Atos

I

- E então, o que está esperando?
- Espero você.
- Não, não sou eu. Você só não consegue admitir.
- Talvez você esteja certa.
Ela se vira. O vento projeta sombras e ruídos na noite fria, mas ele já não está mais lá para assombrá-la.

II

- Por que voltou?
- Voltei por você.
Dor.
- Não seja cínico.
- E por que não? Desde quando você liga para a verdade?
Desde que descori suas mentiras, pensou. Engasgada de lágrimas, não conseguia responder.

III

- Você sabia?
Silêncio.
- Eu sempre soube...
- Então por que não me contou?
Pavor emerge como ferrugem no corpo, impedindo que fuja. Vê uma janela aberta e pensa Por que não? – O inferno já a alcançou.

IV

- Não queria que me visse assim...
- Sabe que não me importo.
- ...realmente não queria...
- Não faz diferença.
- ...nunca pensei que chegaria a isso...
Sempre fora sobre aparência; tudo o que ele lhe diz são mentiras, sempre foram. Quantos meses fazia? Quanto tempo leva para uma alma se despedaçar inteira?  
Perdera a noção de tempo, porém ganhara em experiência de dor e pesar.

V

- Que bom que você voltou.
- Por que está tão feliz?
- Eu não queria partir sem dizer adeus.
Sorria para a câmera. É a última foto.
Um corpo fustigado pela vida e pela traição, mergulhando para o infinito, abraçando todos os que lhe deram as costas.
Pisca a lente, porque os olhos dela não irão piscar.

VI

Agora?
Pegue a foto, emoldure-a em ressentimento, plastifique-a de perdão tardio, e a exponha em sua casa. Mostre para todos, deixe que vejam do que alguém como você é capaz.
Mas não peça perdão, porque, depois de tudo, o que ela menos quer agora é ter de ouvir sua voz. 

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

...

Se escuto sussurros na noite, é o vento brincando.
Quando vejo uma dança na janela, são as sombras ropiando.
Se me viro para o outro lado, não vejo ninguém.
Quando meu coração pula, é porque lembro que perdi alguém