domingo, 1 de novembro de 2009

DoisMil-{Inove}


Doismil-{Inove}


Tanta gripe porquina, tanta influenza má,
Tanta enfermidade política, tanta conformidade (in)sã.



Tanta promessa de futuro, tanta luz no horizonte,
Tanta gente na frente, tanta fila (des)esperando.



Tanta beleza natural, tanta coisa pra se olhar,
Tanta miséria nacional, tanta luta pra se (a)juntar.



Tanta asa de metal, tanta ferida armada,
Tanta pressão arterial, tanta hora sa(n)grada.



Tanta alegria contagiante, tanta gente gritando,
{mas}
Tanta falta de ar não acaba matando?

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Violet Hill


It was a long and dark December


From the rooftops I remember
There was snow, white snow
Clearly I remember
From the windows they were watching
While we froze down below
When the future's architectured
By a carnival of idiots on show
You'd better lie low
If you love me, won't you let me know?


Was a long and dark December
When the banks became cathedrals
And a fox became God
Priests clutched onto bibles
Hollowed out to fit their rifles
And a cross held aloft
Bury me in armour
When I'm dead and hit the ground
My nerves are poles that unfroze
And if you love me, won't you let me know?


I don't want to be a soldier
Who the captain of some sinking ship
Would stow, far below.
So if you love me, why'd you let me go?


I took my love down to violet hill
There we sat in snow
All that time she was silent still
Said if you love me, won't you let me know?
If you love me, won't you let me know

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Sagnier



Retorcidas labaredas cristalizaram-se num lapso de eternidade. Sua fluidez indefinidamente interrompida pelo acaso fatal das estacas de gelo; agudas tal qual maldição.
Os anéis de fogo de seus olhos gritarão por socorro perpetuamente. O desespero oblíquo expandindo-se dos orbes arregalados até a ponta dos dedos estendidos a mim.
Uma arte escabrosa transbordando de movimento embora tão silenciosa quanto meu coração. A vibração do seu corpo está suspensa em uma gaiola de vidro gélido que reflete a minha própria covardia.
A verdade em sua pele transparente me faz cego. Ou talvez sejam as lágrimas que finalmente me inundaram.
Um último adeus gotejante. E a paixão é soprada através de mim; o derradeiro suspiro da sua voz.


Eu te amei como ninguém.
E agora ninguém mais poderá te amar.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Reversal Terçã




Reversal Terçã


A saudade me vai matando sem pressa, enquanto anoiteço aqui dentro desse quarto forrado de noite. A brisa expirada de fora para dentro, as pequenas estrelas que piscam para si mesmas quando fecho os olhos. Elas acham que eu não noto.
É uma noite fria e sem lua.
As portas e janelas me trancam, mas não se preocupam em oferecer proteção. O teto me parece terra ferida de rachaduras. A poltrona se aconchega mais em mim, e o cigarro me segura entre os dedos e me traga lentamente, como veneno.
E só o que sobra é a fumaça, arauto tardio, escorrendo no ar, contorcendo-se em espirais cinza. Está caçando outra vítima.
Mas não há ninguém, não é mesmo?
Só há a saudade, a noite, a poltrona e o cigarro.
Quietos, calados, juntos mas solitários.
Não somos muito diferentes deles, você e eu.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

31 de Maio




Ensaio


Eu queria te dar o Sol
Embrulhá-lo em papel-presente
Reluzente
Mas nada brilha tanto quanto você


Eu queria te dar o Sol
Pra você levar no bolso
Junto ao peito
Pra não haver mais nuvens em mim


Eu queria te dar o Sol
Mas talvez você o ponha lá de volta
No Céu azul
Porque você entende a natureza como ninguém


Eu queria te dar o Sol
Pra eu ser a Lua e correr
Atrás de você
Buscando a sua luz, que não cessa de arder.

A Máscara de um Anjo


E eu congelei naquele instante. Baixei minha guarda, cessei meus movimentos por completo, porque eu vi algo flutuar por teus olhos, enquanto a lâmina de tua espada tomava forças para se lançar contra meu corpo. Eu vi a tua alma através de teus olhos. E percebi que dela se apoderava um sentimento que eu nunca notei antes. Eis o que senti em tua alma: amor.

Depois de tal constatação, alegrou-me o espírito que foste tu aquele predestinado a encerrar minha existência. Teu destino trilhou as terras inférteis da maldição, é verdade; porém esta pobre alma egoísta encontra reconforto em imaginar que tu me mataste não por ódio ou por outra força anônima, mas por amor.

A mesma paixão que te guiaste a mim. A mesma paixão que me faz derramar estas lágrimas por ti.

Entretanto, eu me pergunto o que será de teu pobre coração agora que o encanto das trevas se fez realidade. Conseguirás tu viver sem mim? Ou a inconseqüência do mau irá repercutir ainda mais em tua vida?

Seja corajoso, meu nobre cavaleiro, pois tudo sempre pode melhorar, basta um coração honroso e a bênção dos anjos. Se eu ainda fosse uma dessas criaturas sagradas, talvez pudesse estender minha mão sobre ti e agraciar teus caminhos com minha luz divina. Porém até mesmo esta felicidade me foi negada; transformaram-me numa criatura suja, maculada de energia negra.

É verdade o que dizem: as coisas são puras apenas uma vez. E a minha vez passou tão rápido quanto um piscar de olhos. Foi meu desejo tê-la compartilhado contigo, meu cavaleiro, foi meu desejo. Assim como martirizava-me alma não poder retribuir tua afeição do modo que merecia.

Mas tudo passa e tudo muda.

E, se eu tivesse apenas um dia para poder viver novamente, eu escolheria aquele último e fatídico dia para nós dois. Pois foi quando eu notei amor em tuas vontades que meu espírito elevou-se além do plano material e senti-me mais contente e realizada do que nunca antes.

Infelicidade a minha que aqueles também fossem momentos de despedida silenciosa e sentida.

Sentirei falta de teus excassos sorrisos e de teu ainda mais raro pranto. Tuas lágrimas sensibilizam-me, sabias? Mas tu sempre conseguias reerguer-te, superando teus medos, conquistando tua honra desde pequeno. Tu nasceste para ser guerreiro; tu tinhas a vida nas mãos e merecia conquistar terras. Viver como um Deus, mas morrer como um mortal, isso era o que predizia a estrela sob a qual nasceste.

Mas tu padeceste pelo amor que acalentava teu peito.

Atrevo-me a conceder a culpa a mim mesma, visto que, se eu tivesse sido mais forte, mais capaz, nada disso teria acontecido. Sinto muito ter carregado-te comigo nesta viagem pelas trevas; afinal, o castigo pelo erro deveria ter sido apenas meu, tal qual a culpa.

Não desejo que morras, e também não desejo que vivas.

Desejo que sonhes, comigo, se quiseres, apenas sonhes. Escapa-te dos teus males, dos males que eu plantei em ti, escapa-te da vida, que ela não pode te oferecer abrigo, não mais.

De quê servem asas se não se pode voar? De quê serve um coração se não se pode amar?

Somos desgraçados, tu e eu. Eu por ser fraca, e tu por amar-me. Convivemos juntos por pouco tempo e, apesar de eu estar me escondendo sob uma máscara infeliz, tivemos naqueles nossos dias mais felizes.

Gosto de pensar que nós morremos lá atrás, na casa de tua família, em Urborg. Gosto de pensar assim, pois, desse modo, teríamos morrido juntos.

Parto agora sem ti, mas não te alarmes, estarei a esperar-te. No Céu, no Inferno, aonde me designarem, esperarei por ti. Sei que seguirás para o mesmo lugar, pois fomos vítimas da mesma traição e somos parte do mesmo coração.

Pensarei em ti pelo tempo em que estivermos afastados e rezarei para que nossa separação seja breve.

Creio que já seja hora de me interromper.

Adeus, meu amado cavaleiro, esperar-te-ei enfim.


terça-feira, 2 de junho de 2009

Espelho d'água



Sou um marujo solitário à deriva no mar aberto,
A vida resignada ao balanço das ondas,
A cada tempestade eu me perco mais e mais,
Nenhum vento me leva ao Norte.

Atenção, marinheiros:
Missão fadada ao suicídio conigtivo,
Salve-se quem puder,
Porque um capitão sempre afunda junto ao seu navio.

Esperando o dia seguinte nascer,
Para poder dizer que sobrevivi.
O denso calor que corta a pele
Invade os sentidos e quer mais.

Cântigos morrem nos lábios secos,
Invocando esperanças perdidas no oásis do tempo.
Tão insignificante na vastidão de todos os lados,
Sem fim, sem começo, sem farol nem estrela guia.

Somente um único marujo esgotado,
Estilhaçado,
Esmagado,
Destilado,
Refletido,
Evaporando.

domingo, 24 de maio de 2009

Antes que caia a noite



Antes que caia a noite

 
O céu nublado padece sob as carícias do fim de tarde,
Cortinas rendadas se projetam para fora em braços trêmulos,
O vento sopra estrelas e inspira azul de inverno,
Vejo o acaso descansar apoiado no muro das lamentações. 

Além das cobertas jazem memórias de retalhos,
As luzes se acendem, mas a noite não tarda a chegar,
Ela cavalga as brumas e desce as montanhas,
Ela vem em nossa direção, e o calor do quarto não irá nos proteger. 

Por isso venha; venha antes que caia a noite,
Antes que eu caia outra vez em você.