terça-feira, 8 de setembro de 2009

Sagnier



Retorcidas labaredas cristalizaram-se num lapso de eternidade. Sua fluidez indefinidamente interrompida pelo acaso fatal das estacas de gelo; agudas tal qual maldição.
Os anéis de fogo de seus olhos gritarão por socorro perpetuamente. O desespero oblíquo expandindo-se dos orbes arregalados até a ponta dos dedos estendidos a mim.
Uma arte escabrosa transbordando de movimento embora tão silenciosa quanto meu coração. A vibração do seu corpo está suspensa em uma gaiola de vidro gélido que reflete a minha própria covardia.
A verdade em sua pele transparente me faz cego. Ou talvez sejam as lágrimas que finalmente me inundaram.
Um último adeus gotejante. E a paixão é soprada através de mim; o derradeiro suspiro da sua voz.


Eu te amei como ninguém.
E agora ninguém mais poderá te amar.

2 comentários:

Arth Silva disse...

Fico intrigado com seus títulos....

esse ai é em homenagem a cantora?

C. / Gina disse...

Na verdade, é um tributo a uma personagem de um livro =D

Cristina Sagnier, de O Jogo do Anjo (Carlos Ruiz Zafón).

A morte dela é linda, de um ponto de vista poético, e um dia qualquer me veio isso na cabeça x)