terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Solitary Ground


Precipita-se na areia um oceano de sentimentos, tão completos e obscuros, quanto o mar aqui noturno. Levanto e banho-me nesta profusão líquida; leve e coesa, inclinada sobre meus pés. E eu me valho deste vem-e-vai eterno para embarcar meus pensamentos em naus de uma vela apenas, até que não mais luz se veja no horizonte.

Entre ondas deixo-me vagar, vazio suficiente para flutuar. Peço que a água incólume espalhe seu sal reparador por minhas feridas mundanas, emprestando-me a sabedoria curativa de um tempo incontável. Destruo-me em pedaços incoerentes, para depois juntá-los como um brinquedo sem mapa nem direção.

Minha pele acariciada pela língua d’água, amortecida, extasiada. O efeito do divino propagado em todos os toques. Sutil, de praxe, banho-me aqui como qualquer outro o faria. Descanço os ombros e sinto-lhes o peso dividido por mãos minúsculas e invisíveis, despedaçando-se para longe de mim.

Longe de mim... É o que tudo aqui parece ser.

Sou uma ilha sem ponte,
cercado por um oceano de você. 


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